Phonk: do Brasil para o mundo (ou seria o contrário?)

Por Eduardo Ribas, editor da Deezer Brasil

Mais do que uma tentativa de traduzir um ritmo para maior alcance internacional: o Brazilian Phonk é um novo gênero, que acompanha novas tendências e um movimento que transcende as barreiras da música como conhecemos. 

Não se sabe ao certo a origem. Há quem diga que surgiu como um subgênero do Hip Hop e Trap, vindo dos Estados Unidos inspirado no Memphis Rap dos anos 90. Ou que sua raíz é realmente brasileira, inspirado em toda a sonoridade e nuances do funk nacional, utilizado pelos gringos como uma nova forma para popularizar um novo ritmo. 

A verdade é que não sabemos ao certo quem está influenciando quem, mas o que se sabe é que o novo som está começando a se espalhar ao redor do mundo. Com poucos vocais e sonoridade comandada pelo beat, o phonk é alto, barulhento, distorcido e por vezes podemos chamá-lo de bagunçado – e é aí que está sua maior característica. Traz samples de funks já lançados, junto de recortes de outras músicas, garantindo uma mistura totalmente inédita. 

E ainda na pegada das influências: não dá pra falar de phonk sem falar das dancinhas nas redes sociais. A tendência de deixar músicas já conhecidas mais lentas ou aceleradas – que, inclusive, impulsionam sua viralização e crescimento nos charts globais -, popularizada pelos vídeos das redes também impactam os sons do novo gênero, que trabalha variações de faixas em slowed e sped up

As produções, por enquanto, são dominadas por estrangeiros, com o DJ norueguês Slowboy, pioneiro no brazilian phonk, liderando a cena – vale ouvir “Brazilian Phonk Mano”, sua faixa mais escutada. Mas o ritmo já tem tomado conta de terras brazucas, como Dragon Boys, duo de MC Ramiro e MC Mauro – dá play em “VUK VUK”, em parceria com KORDHELL. No Brasil, as faixas do gênero têm ganhado relevância no pitch semanal das gravadoras, além de ter lançamentos recentes, como é o exemplo do disco BH PHONK 2.0, de Davi Kneip, um produtor já bem conhecido no funk e nas redes sociais. 

O som, que também pode ser visto como uma vertente do funk estilo bruxaria e cruza com o funk automotivo, foi ganhando forma há alguns anos no underground, e agora conseguiu alçar voos mais altos com o alcance do gênero mundialmente. Vale destacar que as faixas do gênero têm aumentado no pitch feito semanalmente pelas gravadoras, o que evidencia o crescimento da sua relevância no cenário musical. 

O novo gênero joga o grave para o primeiro plano e deixa de lado a batida perfeita, afinal, a batida que vale é a que causa impacto e deixa sua marca por onde passa. Ainda que por enquanto seja muito ouvido no leste europeu, o brazilian phonk tem tudo para explodir no país que ensinou o funk pro mundo e os artistas já projetam o seu sucesso em São Paulo, berço do “mandelão”. E mesmo que não seja possível identificar sua origem ou garantir a certeza que veio para ficar, é possível cravar que mais uma vez o Brasil influencia diretamente a forma de se fazer música, dentro e fora de casa. 

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