O rap brasileiro tem uma história rica e influente que moldou a cultura urbana e deu voz às periferias do país. Vamos explorar as clássicas do rap antigo brasileiro que você precisa conhecer, cada uma com seu impacto cultural, influências e legado.
“Nossos Dias” – Sharylaine (1988)
“Nossos Dias” é uma das primeiras músicas de rap a abordar a realidade das periferias brasileiras com voz feminina. Sharylaine abriu caminho para muitas outras mulheres no rap brasileiro. Sua música continua a inspirar e empoderar novas gerações de artistas. A letra fala sobre resistência, resiliência e reinvenção:
“Disseram então, que eu não podia cantar
Que para outros grupos era treze de azar
Não ligue meu bem que isto é prosa
E se tudo de renova Sharylaine está a toda prova”
“Senhor Tempo Bom” – Thaíde e DJ Hum (1996)
“Senhor Tempo Bom”, lançada em 1996, é uma música nostálgica que fala sobre a infância e as mudanças ao longo do tempo. Thaíde e DJ Hum ajudaram a estabelecer o rap como um movimento cultural significativo no Brasil, e essa música é um exemplo de seu talento e influência. A letra aborda a nostalgia, a passagem do tempo e as mudanças na vida. É uma música que toca o coração e faz refletir.
“O Trem” – RZO (1997)
“O Trem”, lançado pelo grupo RZO, formado por Helião, Sandrão e DJ Cia em 1997 no álbum “RZO”, é uma música que fala sobre a jornada do cotidiano e a luta pela sobrevivência. Com uma batida cativante e letras reflexivas, a música se tornou um clássico do rap nacional.
“Subúrbio para morrer, vou dizer
E agora se liga, você pode crer
Todo cuidado não basta, porque
Subúrbio para morrer, vou dizer”
“Vida Bandida” – Happin’ Hood (2001)
“Vida Bandida”, lançada em 2001 no álbum “Sujeito homem”, é uma música que retrata a vida no crime e as consequências dessa escolha. Happin’ Hood é conhecido por suas letras que refletem a realidade das ruas.
“Trabalhe irmão, essa é a melhor faculdade
Estude pra um futuro melhor sim
Tenho certeza não
Ira se arrepender
Pois o problema é a renda e a má distribuição
Vida bandida culpa da situação”
“Diário de um Detento” – Racionais MC’s (1997)
“Diário de um Detento” é uma das músicas mais famosas dos Racionais MC’s, lançada em 1997 no álbum “Sobrevivendo no Inferno”. A música é baseada nos diários de Jocenir, um detento do Carandiru, e retrata a vida dentro do presídio e o massacre de 1992.
“Ladrão sangue bom tem moral na quebrada
Mas pro Estado é só um número, mais nada
Nove pavilhões, sete mil homens
Que custam trezentos reais por mês, cada”
A letra aborda a brutalidade policial, a desumanidade do sistema prisional e a resistência. É uma canção que denuncia as injustiças e clama por mudança.
“Us Manos e as Minas” – XIS (2001)
“Us Manos e as Minas”, lançada em 2001 no álbum “Espaço Rap Série Especial”, é um clássico do rapper XIS. A música fala sobre as relações sociais entre homens e mulheres, suas expressões e identidades, mais especificamente em Itaquera, São Paulo.
“Us mano pow as mina pa
Segura a bronca que a quadrilha vai versar”
“Rap é Compromisso” – Sabotage (2000)
“Rap é Compromisso”, lançada em 2000 no álbum de mesmo nome, é obra de Sabotage, figura icônica do rap brasileiro. O rapper, que se tornou uma lenda após sua morte precoce, fala sobre a seriedade e o compromisso do rap como forma de expressão e resistência.
“Mas o rap é compromisso, ladrão, não é viagem
Se pá fica esquisito, aqui, Sabotage
Favela do Canão, ali da Zona Sul
Sim, Brooklin”
“Soldado do Morro” – MV Bill (1999)
Essa é uma das músicas mais emblemáticas de MV Bill, lançada em 1999 no álbum “Traficando Informação”. A música retrata a vida dos jovens nas favelas, muitos dos quais se tornam soldados do tráfico por falta de oportunidades. É uma representação autêntica e comovente da realidade de muitos jovens brasileiros.
“Já pedi esmola, já me humilhei
Fui pisoteado, só eu sei o que eu passei
Eu tô ligado, não vai justificar
Meu tempo é pequeno, não sei o quanto vai durar”
“Negro Drama” – Racionais MC’s (2002)
“Negro Drama” é um dos maiores sucessos dos Racionais MC’s, lançada em 2002 no álbum “Nada Como um Dia Após o Outro Dia”. Ela é um hino de resistência e um retrato autêntico das dificuldades enfrentadas pelos negros e moradores de periferias. A música é uma crítica incisiva às injustiças sociais e à violência policial.
“Negro drama, entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas, invejas, luxo, fama
Negro drama, cabelo crespo e a pele escura
A ferida, a chaga, à procura da cura”
“Dia de Visita” – Realidade Cruel (1998)
“Dia de Visita” é uma música lançada pelo grupo Realidade Cruel em 1998 no álbum “Só sangue bom”. A canção narra o dia de visita em uma prisão, destacando a separação e o sofrimento das famílias dos detentos.
“Sinto uma grande vontade de chorar ao ver a minha mãe
Aqui vindo me visitar, talvez se eu tivesse pensado um
Pouco mais, talvez hoje eu não estaria atrás de uma cela
Num pátio de um presídio numa triste tarde de domingo”
“Eu Não Pedi Pra Nascer” – Facção Central (2003)
“Eu Não Pedi Pra Nascer”, lançada em 2003 no álbum “Direto do Campo de Extermínio”, é uma música que denuncia a violência dentro de casa. Facção Central é conhecido por suas letras diretas, realistas e impactantes.
“O seu papel devia ser cuidar de mim
Não me espancar, torturar, machucar, me bater
Eu não pedi pra nascer”
O rap antigo brasileiro é uma poderosa forma de expressão que dá voz às comunidades marginalizadas e aborda questões sociais importantes. Essas músicas clássicas são mais do que entretenimento; são relatos autênticos da vida nas periferias e reflexões profundas sobre a sociedade. Se você é fã de rap, essas músicas são essenciais para entender a evolução do gênero e a importância cultural do rap brasileiro.
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