Igualdade de gênero no cenário musical: é real?

O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é comemorado há mais de um século. Ele é um símbolo da conquista de mulheres que protestam desde o século 19 por melhores condições de trabalho em prol da igualdade de gênero, econômica e política, e por isso se tornou uma homenagem às mulheres trabalhadoras no mundo inteiro. Mas eu posso dizer, sem pensar duas vezes, que ele é também um lembrete de que ainda há um longo caminho a ser percorrido. 

No livro A Garota da Banda, por exemplo, a incrível Kim Gordon, mais conhecida por ter sido baixista na icônica banda de rock Sonic Youth, comenta que os papéis dos homens e mulheres no mundo são encarados de jeitos diferentes: homens são transgressores, pensam fora da caixa, e mulheres são cuidadoras, zelam pelo mundo como ele é. Portanto, a arte, que é transgressora por natureza, não é “coisa de mulher”.

Sabemos que isso não faz sentido algum, né? Mas, por causa desse pensamento antigo e machista, a defasagem da presença de mulheres na música e tecnologia, campos que ligam criatividade e inovação, ainda é enorme.

Quero ajudar a preencher essa lacuna com o especial Women’s Voices, experiência que está no ar no aplicativo desde o dia 8 de março, com dados, informações e histórias para dar mais força às vozes femininas que fazem da música o que ela é – além de um canal especial cheio de conteúdos, playlists e podcasts. Meu objetivo é não só homenagear as artistas mulheres que tanto amamos, mas também educar, informar e criar consciência a respeito de quantos espaços ainda precisamos abrir no mercado, na música e na sociedade.

E essas mudanças começam de dentro para fora. Por isso, trabalho diariamente para ampliar vozes femininas também internamente, e esse trabalho vem se mostrando cada vez mais efetivo. A porcentagem de mulheres, por aqui, cresce ano a ano – saltando de 32% em 2018 para 37% em 2020. E a mudança neste número é feita dia após dia, pensada em cada momento que convidamos alguém novo para fazer parte do nosso time global: das novas contratações da Deezer em 2020, metade foram mulheres.

Aspectos como diferenças na compensação de homens e mulheres e quantidade de promoções recebidas por cada gênero também são importantes para mim, em uma esfera global. Na França, por exemplo, um relatório sobre igualdade de gênero concluiu que as mesmas métricas subiram de 73% a 89% nos últimos três anos. É um trabalho longo e árduo, mas um esforço que vale a pena para alcançar um objetivo tão importante. Passo a passo, estamos chegando na almejada paridade de gênero.

Para entender um pouco melhor o funcionamento de cada um desses passos, as ideologias e implementações, você pode ler abaixo uma conversa com Beatriz Oliveira, a minha diretora de marketing aqui do Brasil.

Deezer em direção à igualdade de gênero

Quais iniciativas a Deezer toma para garantir alguma igualdade entre homens e mulheres nos conteúdos editoriais?

Nós nos importamos muito com a diversidade na Deezer internamente e também dentro da plataforma. Acreditamos que o fator humano é uma das coisas mais importantes para garantir que todas as vozes sejam ouvidas, principalmente a das mulheres. Sabemos que por mais que tenhamos grandes evoluções no mundo da música, ainda é um cenário em que as mulheres são minoria. Além do canal especial que lançamos em homenagem ao International Women’s Day, que será perene em nossa plataforma, damos destaques às mulheres em quase todas as nossas playlists editoriais, e algumas são dedicadas só a elas, como: Pretas no Topo, Mulherada Sertaneja, Deusas do Pop, Elas Louvam, Rainhas do Samba, O Funk é Delas, Rap das Minas, Women of R&B, entre muitas outras que você pode encontrar no canal Women’s Voices. Criamos, inclusive, uma playlist feita pelas mulheres que trabalham na Deezer, que você pode conferir aqui.

Essas iniciativas se refletem, também, dentro da empresa? A equipe responsável pelos conteúdos editoriais tem uma porcentagem significativa de mulheres?

Estamos sempre atentos para a diversidade em todos os aspectos dentro da Deezer. No Brasil, metade do nosso time local e metade do nosso time editorial são mulheres. Além disso, temos uma comissão interna global focada em diversidade. Queremos cada vez mais ter um time heterogêneo, que nos traga as mais diversas visões de mundo. Somos plurais para sermos um só.

Quais são as iniciativas corporativas que garantem que mulheres estejam presentes dentro da Deezer?

Ser mulher em um ambiente corporativo já é um cenário de luta e conquistas. Temos muito orgulho de ter metade do nosso time local de mulheres, porém ainda lutamos por mais espaço de mulheres na liderança. É uma luta de todas nós, e vamos continuar ganhando espaço. É um compromisso nosso.

Além de se sentir iguais, é importante que as mulheres se sintam seguras. De que maneira a Deezer garante a segurança das mulheres dentro da empresa?

É muito importante quando você está em um ambiente corporativo ter outras mulheres para se inspirar e projetar a sua carreira. Isso por si só já nos traz a segurança de perceber que existe carreira e caminho para mulheres dentro da empresa. No nosso caso, a Chief Commercial Officer é uma mulher, Laurence Miall-d’Aout. Eu mesma me sinto respeitada e ouvida corporativamente, sinto que tenho espaço para expor as minhas opiniões, e me esforço sempre para passar essa segurança para todas as mulheres do time. Temos ainda um time de RH e gestores comprometidos e abertos para acolher as mulheres, além de tratar com importância temas como família e maternidade.

Tecnologia e música são áreas onde a presença de homens costuma ser esmagadoramente maior que a de mulheres. Como driblar esse problema numa empresa que lida com as duas coisas?

As empresas terem consciência da questão da desigualdade já é um passo muito importante, e a Deezer tem uma vontade legítima de mudar o jogo – não para que essa métrica seja anunciada, ou colocada em um folheto na parede. Vejo muitas organizações que falam sobre o assunto, que até tem mulheres na liderança para preencher uma cota, mas que no dia a dia não as apoiam no que é necessário para que desempenhem um papel com segurança e qualidade de vida. Ter iniciativas, programas direcionados para isso, e homens que acreditam, apoiam e levantam essa bandeira, é importantíssimo.

De que maneiras a Deezer celebrará as mulheres que trabalham na empresa durante o mês de março?

Não é só no mês de março que fazemos a nossa luta ser efetiva, porém, em especial neste mês, como homenagem a todas nós, celebraremos as mulheres que estão nos bastidores da plataforma nas nossas redes sociais, dando voz para a história de cada uma delas, além de obviamente presenteá-las, no dia e durante todo o mês.

Que mudanças em relação à igualdade no mercado a Deezer espera ver nos próximos anos?

Em 2020 o número de homens foi ainda 4 vezes maior do que o número de mulheres no top 100 artistas mais ouvidos no ano. Ainda tem muito a ser feito, mas acreditamos que veremos o escalonamento destes números mais depressa, e que em poucos anos tenhamos mais igualdade nesses dados.

Amplificando vozes

O esforço é diário, mas ainda há muito caminho a percorrer na busca por paridade de gênero – aqui dentro e, é claro, no mundo inteiro. Apesar dos esforços, as mulheres ainda ocupam somente 20% dos cargos de tecnologia dentro da empresa e são apenas 25% das nossas posições mais seniores. Avançar e igualar esses números é um desafio, mas é um desafio do tipo que eu mais gosto: se dirigir para um futuro melhor internamente e externamente. Minhas políticas internas continuarão sendo incentivadas até que esse objetivo seja alcançado.

Se você quer saber mais sobre as mulheres que me colocam pra existir e funcionar, acompanhe minhas redes durante todo o mês de março para ver vídeos e playlists com profissionais e artistas super talentosas e dedicadas, e ouça sobre suas inspirações, seus desafios e conquistas.E, enquanto isso, não deixe de continuar explorando a experiência Women’s Voices com nosso canal de conteúdo especialmente criado para homenagear as mulheres artistas que amamos. Compartilhe nossos stories e incite o debate entre seus amigos. Ouça mulheres. Eleve as vozes das mulheres. Apoie as mulheres através do streaming.