Mais um bom ano para a música brasileira, estes são os nossos preferidos. Presta atenção que é só ouro. Até ano que vem!
Yasmin Muller – Deezer Editor Brasil
15 – Maria Gadú – Guelã
O disco mais íntimo e pessoal de sua carreira revelou uma Maria Gadú interessante e complexa. “Guelã” é diferente de tudo que já tínhamos escutado dos lados dela, produzido em parceria com Federico Puppi e pendendo bem mais para o alternativo do que para o pop. O que fica: um disco corajoso, de uma artista que prefere sair da zona de conforto a limitar sua criatividade.
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14 – Lemoskine – Pangea I Palace II
Rodrigo Lemos lança seu segundo álbum sob a alcunha solo Lemoskine. “Pangea I Palace II” traz o compositor mais livre, com arranjos mais dinâmicos e um clima mais tropical. Um disco pop cheio de beleza.
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13 – BNegão & Seletores de Frequência – Transmutação
“Transmutação” traz BNegão e os Seletores um pouco menos festivos, um pouco mais reflexivos. O mestre de cerimônias e sábio Bernardo Santos discursa sobre bases que passam pelo funk e reggae – como de costume – mas não só. Aqui temos também samba e surf music, em um momento que parece de respiro e renovação para a banda – que continua acima da média.
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12 – Ventre – Ventre
Os cariocas apareceram forte em 2015. Ventre lançou seu primeiro disco em outubro e promete ser um dos nomes do ano que vem. De formação simples, o trio baixo guitarra e bateria faz um rock sincero e emocional, com uma urgência própria da juventude. Um debut surpreendente de uma banda que parece já saber claramente o que quer ser, pelo menos agora – que é o que importa, afinal.
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11 – Rodrigo Campos – Conversas com Toshiro
Terceiro disco, terceira temática diferente. Rodrigo Campos começou por São Mateus, seu bairro, passou pela “Bahia Fantástica” e agora chega ao Japão. Ou pelo menos um Japão particular. Um disco arrojado e cheio de riquezas, tão oriental quanto paulistano, com Juçara Marçal e Ná Ozzetti nos vocais de apoio – olha o luxo. Um disco todo de mar e sol vermelho.
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10 – Tulipa Ruiz – Dancê
Sempre torci por Tulipa. Sempre achei que existia um lugar esperando por ela no contexto da música brasileira pop. Com “Dancê” parece que ela chegou nesse lugar, com o público aos poucos a acompanhando até lá. Os momentos mais potentes do disco são a cara dela: “Prumo” é a música perfeita para abrir o disco, “Proporcional” é uma das melhores músicas brasileiras dos últimos anos, um hit ensolarado e cheio de força feminina e “Algo Maior” termina o disco corajosa e lindamente, com participação do Metá Metá. Tulipa tem um verão dentro de si, brasileira como só ela.
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9 – Siba – De Baile Solto
Provavelmente o melhor letrista da música brasileira atual, Siba veio com tudo esse ano. Despindo os arranjos, buscando a simplicidade, trouxe talvez o disco mais “siba” de sua carreira. “Marcha Macia” e “Quem e Ninguém” são porradas para quem tem ouvidos bem abertos, “Mel Tamarindo” e “Três Carmelitas” são pura doçura e delicadeza e “A Jarra e a Aranha” traz aquelas anedotas pitorescas que só Siba sabe fazer.
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8 – Meia Banda – Meia Banda
Tem algo de muito especial no disco do Meia Banda. Ele parece não ser nada de extraordinário mas quanto mais você escuta mais você percebe ele como um não-lugar particular, um espaço de outra natureza, com outro tempo, e outros paradigmas. De formação simples, talvez seja o disco menos pretensioso do ano – e um dos melhores, exatamento por isso. É um tiro no escuro, que te acerta e você não sabe de onde vem.
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7 – Johnny Hooker – Eu Vou Fazer uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!
Johnny Hooker surgiu feito um meteoro em 2015. Em fevereiro lançou seu debut e já chegou ao topo dos álbuns mais ouvidos na Deezer Brasil, assim, do nada. Pudera. O disco é todinho maravilhoso, uma atualização do brega nordestino puxado na criação de um personagem performático e divo por parte de Hooker. Desde já ouvindo “Desbunde Geral” e esperando o Carnaval em clima de pura felicidade.
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6 – Cidadão Instigado – Fortaleza
O Cidadão Instigado veio do rock e para o rock existe. Esse sempre foi o DNA dos caras e aqui resolvem escancarar isso para quem queira ouvir. Como no Brasil o rock não é tão fácil de encontrar, aqui estamos, bem agradecidos. Não me entenda mal, “Fortaleza” é bem mais que rock clássico ou progressivo. É o rock de 2015, vigoroso e poderoso, um desdobramento de tudo que os subgêneros citados já foram. Ouça a faixa-título “Fortaleza”, um repente-rock sobre nossa cidade (minha e da banda) com toda a sua complexidade, e entenda do que estou falando. O Rock vive.
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5 – Rodrigo Ogi – R Á!
“R Á!” é um arregaço. Rodrigo Ogi tem aquela pegada paulistana por excelência, um universo cheio de gente, de história, de fita certa e errada. Todas as cores possíveis no cinza da cidade mais incrível e mais perversa do mundo. É lindo ver o rap de São Paulo tão inventivo e fértil, sem remorso e sem medo de ser o que quiser. A voz gutural de Ogi cai como uma luva em um disco que parece otimista e assertivo mesmo quando fala de mazelas, morte e violência. A sensação que fica é o orgulho de ser contemporânea de um disco desses.
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4 – Emicida – Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…
Vou ser sincera e dizer logo que caio fácil no sentimental disco do Emicida. Aqui ele abraça de vez o pop, traz a África para mais perto, e faz quase que um disco-resumo de sua carreira. Tem Dona Jacira, tem samba, tem Caetano Veloso e Vanessa da Mata e continua tendo muito rap e dedo na ferida. Encontrar o equilíbrio entre as temáticas sempre sócio-políticas e o romantismo esperançoso presente em tantos momentos do disco é uma missão quase impossível. Aqui, quase sempre ele consegue – não sozinho, a produção de Xuxa Levy é certeira. É engraçado como o disco mais alegre e leve do Emicida pode ser o que mais se faz entender, em toda a sua complexidade. Emociona mesmo.
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3 – Alessandra Leão – Trilogia Língua
A trilogia de EPs que começou no fim de 2014 agora se completa. Pedra de Sal, Aço e Língua são os três momentos em que Alessandra Leão dividiu sua saga. Começa desafiadora, o meio é denso e doído e o final é redenção e respiro. O processo pode ter sido um rito de passagem para a pernambucana enquanto se radicava em São Paulo. Abraçar de vez o desconhecido, se colocar em outros movimentos física e musicalmente, olhar para sua arte de novas formas a cada dia. Isso é o que parece estar em jogo aqui. Sempre de corpo inteiro, sempre lavando a alma com a música. Três momentos que se complementam e se contrastam plenamente. É aço, é língua e é mulher.
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2 – Ava Rocha – Ava Patrya Yndia Yracema
Ava era minha grande aposta para 2015. Após ouvir “Você Não Vai Passar” no fim do ano passado, tinha certeza de que o disco que estava por vir era digno de atenção. Mas não imaginava isso. Um disco genial, tão especial que parece resultado de um alinhamento dos planetas, de uma série de coincidências perfeitamente orquestradas pelo universo que resultam em uma obra que já nasce clássica. Ouvi “Ava Patrya Yndia Yracema” quase todos os dias por alguns meses e todas as vezes ele me deixava radiante, mesmo que somente pelos poucos minutos em que a música estava nos meus ouvidos.
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1 – Elza Soares – A Mulher do Fim do Mundo
Impossível não colocar Elza Soares no topo da lista. É ela a Mulher do Fim do Mundo e vai cantar até o fim. Com o estômago, a voz rasgada, toda a emoção que consegue colocar em algo tão natural quanto é cantar para os que nascem feitos de música e fibra. É ela a Maria da Vila Matilde, mulher, brava, negra, deusa. É ela a Benedita, a Firmeza, a Dança, a que olha nos olhos da morte e diz hoje não. Obrigada por existir, Elza.
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Menções Honrosas:
Orquestra Contemporânea de Olinda – Bonfim