Marcado pelo som da zabumba, da sanfona e do triângulo, esse gênero genuinamente nordestino e todos os cantores de forró que estão a frente desse estilo são motivo de muito orgulho. Além do estilo musical, a palavra forró representa também uma expressão artística completa, sendo usada para se referir às festas ou bailes populares conhecidos como “forrobodó” ou “forrobodão” e ao estilo de dança.
Se você, assim como eu, não pode ouvir um forró que já arrisca um passinho “dois pra lá, dois pra cá”, não deixe de salvar todas as dicas de artistas e playlists com os maiores cantores de forró antigo! Vamos lá?
Uma breve história do forró
O forró é um dos gêneros musicais mais ricos e variados da cultura brasileira, e sua história tem raízes profundas no Nordeste. Surgiu nas festas populares, muitas delas realizadas nas casas de taipa, onde os trabalhadores rurais se reuniam para celebrar e relaxar depois de longos dias de trabalho. As letras falavam do cotidiano do sertanejo, da saudade, da seca, do amor, e claro, das festas.
O nome “forró” é tema de discussão, com algumas teorias sugerindo que vem do termo “forrobodó,” uma palavra de origem africana que significa festa ou confusão, capturando o espírito animado dessas reuniões.
Foi na década de 1940 que o forró ganhou força, especialmente com o legado de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”. Ele trouxe a sanfona para o centro das atenções e deu voz ao povo nordestino, falando das dificuldades, da beleza do sertão e da vida simples. O baião, estilo que Gonzaga popularizou, se tornou a base do forró tradicional, mas o gênero nunca parou de evoluir.
O xote, com seu ritmo mais cadenciado, e o arrasta-pé, característico das festas juninas, logo se tornaram variações populares. As quadrilhas, danças tradicionais que acontecem durante o São João, também fazem parte da cultura forrozeira e são um espetáculo à parte, cheias de figurinos coloridos e passos ensaiados.
Nas décadas mais recentes, o forró começou a se urbanizar e se misturar com outros ritmos. Surgiu o forró universitário, que conquistou as grandes cidades do Brasil nos anos 1990. A introdução de instrumentos como guitarra elétrica e baixo trouxe um toque mais moderno, mantendo a tradição dos passos de dança, como o “dois pra lá, dois pra cá”.
O forró eletrônico também se tornou um sucesso, com bandas como Mastruz com Leite e Calcinha Preta, que levaram o ritmo para estádios e grandes festas, usando elementos eletrônicos e produção moderna para atingir um público ainda maior. O que permanece constante, em todas as formas de forró, é a celebração da vida, do amor e da resiliência do povo nordestino, sempre com muito calor humano e alegria!
Os maiores cantores de forró antigo
Quais são os cantores de forró que abriram o caminho para esse gênero tão amado da música brasileira? Confira aqui os nomes de peso que você não pode deixar de ouvir!
Luiz Gonzaga
Podemos dizer que Luiz Gonzaga, nosso eterno Rei do Baião, é o verdadeiro pai do forró no Brasil. O artista foi essencial para que esse ritmo genuinamente nordestino ganhasse o país a partir da década de 1950.
Após o lançamento da música “Forró de Mané Vito”, em 1949, o forró começou a se tornar mais popular no cenário musical nacional. Luiz Gonzaga também foi responsável por fazer a sanfona, ou acordeon, cair no gosto popular, sendo hoje, felizmente, um instrumento presente em tantas composições que a gente ama.
Natural de Recife, Gonzagão protagonizou uma ilustre carreira compondo e cantando sobre sua realidade, descrevendo as belezas, tristezas e injustiças do sertão nordestino. Entre seus inúmeros sucessos estão “Asa Branca”, “Sala de Reboco”, “Sabiá”, “Dezessete e setecentos” e por aí vai!
Dominguinhos
Dessa grande primeira fase de ouro do forró, temos também o artista Dominguinhos, que foi um grande discípulo de Gonzagão. Além do talento e paixão pela música, os dois apresentam em comum um início de carreira bastante similar.
Assim como Luiz Gonzaga, Dominguinhos também teve como inspiração na música seu pai, mestre Chicão, que era sanfoneiro e afinador de sanfonas. O pai de Gonzagão, apesar do trabalho na roça, nas horas vagas também arranhava no acordeon e consertava instrumentos. Os caminhos de Gonzagão e Dominguinhos se cruzaram enquanto Dominguinhos se apresentava em um hotel em que Gonzaga estava hospedado, em Garanhuns.
O talento de Dominguinhos, que era até então conhecido como Neném do acordeon, ficou nítido para o Rei do Baião, que não só o ajudou em sua carreira como foi responsável pelo seu “batismo” como Dominguinhos, nome sugerido em homenagem ao Domingos Ambrósio.
Entre os anos de 1957 e 1958, Dominguinhos entrou para a primeira formação do grupo de forró Trio Nordestino, ao lado de nomes como Miudinho e Zito Borborema, que também seguiram carreira ao lado de Gonzagão por um tempo.
Anastácia
Anastácia, conhecida como a “Rainha do Forró”, foi uma das primeiras mulheres a se destacar no cenário da música nordestina. Natural de Recife, começou a carreira nos anos 1950 e se tornou uma compositora de mão cheia, com mais de 800 músicas registradas. Ela é conhecida por suas parcerias com Dominguinhos, com quem teve um casamento musical de grande sucesso. Canções como “Eu Só Quero Um Xodó” e “Tenho Sede” são algumas de suas composições mais famosas, que se tornaram clássicos do forró e da música brasileira.
Anastácia trouxe uma nova sensibilidade para o forró, destacando o olhar feminino em suas letras e abordando temas de amor e saudade com profundidade. Seu estilo vocal marcante e suas composições influenciaram uma geração de músicos que vieram depois, consolidando sua importância no cenário musical nordestino.
Jackson do Pandeiro
Jackson do Pandeiro, conhecido como o “Rei do Ritmo”, foi um dos maiores nomes do forró, baião e outros gêneros nordestinos entre os anos 1940 e 1980. Com sua habilidade no pandeiro e seu estilo único, ele influenciou toda uma geração de músicos. Seu trabalho transitou por diferentes ritmos, e suas canções como “Sebastiana” e “Chiclete com Banana” são até hoje celebradas.
Sua mistura de forró com outros ritmos como o samba e a marcha rendeu-lhe uma carreira longeva e cheia de sucessos. Veja só o carisma inconfundível do querido Jackson do Pandeiro:
Genival Lacerda
Genival Lacerda foi um dos grandes nomes do forró tradicional, famoso por seu estilo humorístico e irreverente. Nascido em Campina Grande, na Paraíba, ele ficou conhecido por letras que brincavam com a cultura popular e o cotidiano nordestino, sempre com muito bom humor.
Sucessos como “Severina Xique-Xique” e “De Quem É Esse Jegue?” caíram no gosto do público, trazendo o forró para o cenário nacional de forma descontraída e leve. Lacerda era também conhecido pelo seu figurino inusitado, sempre com chapéus e roupas que faziam referência ao sertão.
Durante sua carreira, Genival Lacerda ajudou a moldar a imagem do forró, destacando seu lado cômico e festivo. Sua música é um convite para se divertir e celebrar a cultura nordestina, valorizando o sotaque, as expressões e o jeito de ser do povo.
Apesar de seu estilo brincalhão, suas canções traziam uma crítica social sutil, abordando temas como a vida no sertão e as mudanças urbanas. Ele é lembrado como um ícone que soube misturar a tradição com o entretenimento, sempre mantendo viva a alma do forró.
Marinês
Marinês, chamada carinhosamente de a “Rainha do Xaxado”, foi uma das primeiras mulheres a ganhar destaque no cenário do forró. Sua carreira começou nos anos 1950, época em que o forró ainda era dominado por artistas homens.
Com uma voz potente e um estilo marcante, Marinês abriu portas para muitas outras cantoras nordestinas e se tornou ícone do gênero. Sua interpretação de músicas como “Sanfoneiro pé de serra” e “Pisa na fulô” marcou época, e ela é lembrada por sua forte presença de palco e seu compromisso com as raízes do Nordeste.
Marinês não apenas cantava, mas também contava histórias do cotidiano do povo nordestino, destacando-se pela forma apaixonada como defendia a cultura popular. Você vai encontrar seus sucessos com o nome Marinês e Sua Gente, para designar o grupo que a acompanhava.
Sua influência no forró foi tão grande que, até hoje, seu nome é referência para quem estuda a música nordestina, sendo considerada uma das pioneiras na difusão do gênero.
Trio Nordestino
O Trio Nordestino é um dos grupos de forró mais antigos e respeitados do Brasil. Fundado em 1958 por Lindú, Coroné e Cobrinha, o trio tornou-se conhecido por seus shows animados e suas letras que falam diretamente ao coração do nordestino. Com sucessos como “Menino de colo” e “Forró Pesado”, o Trio Nordestino ajudou a popularizar o forró de pé-de-serra, caracterizado pelo uso tradicional da sanfona, zabumba e triângulo. Eles foram essenciais para manter vivo o espírito do forró tradicional em tempos de modernização da música brasileira.
Ao longo dos anos, o grupo passou por várias formações, mas sempre mantendo a essência do forró raiz. O Trio Nordestino é famoso por suas apresentações ao vivo, cheias de energia e alegria, que fazem qualquer um querer cair no arrasta-pé. Eles continuam se apresentando até hoje, somando mais de 60 anos de carreira!
Alceu Valença
Alceu Valença é um dos maiores ícones da música nordestina, com uma carreira que mistura forró, música popular brasileira e elementos do rock. Surgindo na década de 1970, ele se destacou pela sua capacidade de inovar, trazendo o forró para um público mais amplo e misturando o estilo com outras influências, como o pop e a música eletrônica. Sucessos como “Anunciação” e “La Belle de Jour” são apenas alguns exemplos da sua habilidade em criar músicas dançantes e cheias de energia.
Sua carreira também é marcada pela parceria com outros grandes nomes da música nordestina, como Zé Ramalho e Elba Ramalho, com quem fez parte do famoso movimento O Grande Encontro. Alceu sempre teve uma abordagem experimental, desafiando as convenções do forró tradicional e levando a música nordestina a novos públicos, além de se tornar uma figura importante na internacionalização do gênero.
👉 Ler mais: A vida e carreira de Alceu Valença: histórias e sucessos do cantor
Elba Ramalho
Elba Ramalho começou sua carreira em 1966 quando, pela primeira vez, no Coral da Fundação Artística e Cultural Manuel Bandeira, do qual fazia parte. Esses coros falados começaram a ganhar muita fama e ser vistos por todo o nordeste, sendo que o destaque eram as apresentações de Elba.
Em 1968, quando estava cursando economia, montou o grupo As Brasas, o qual atuou como baterista. A carreira como cantora, entretanto, começou quando ela se mudou para o Rio de Janeiro a pedido de Roberto Santana, o produtor de Chico Buarque e Caetano Veloso.
Em 1979, gravou seu primeiro disco, Ave Prata, e a partir daí sua carreira decolou, tendo feito participações com diversos músicos renomados nos anos posteriores, como Dominguinhos, Zé Ramalho, Sivuca, e Jackson do Pandeiro.
Zé Ramalho
Zé Ramalho, nascido na Paraíba, é um dos grandes nomes da música nordestina, conhecido por misturar o forró tradicional com elementos do rock, da MPB e do folk. Seu estilo único trouxe um tom psicodélico e místico para o forró, com letras que exploram temas como espiritualidade, cultura popular e questões sociais. Músicas como “Avôhai,” “Chão de Giz” e “Frevo Mulher” marcaram sua carreira e trouxeram uma nova dimensão ao forró, fazendo dele uma figura essencial na cena musical dos anos 1970 e 1980.
Zé Ramalho também teve um papel importante na popularização do forró no Sul e Sudeste do Brasil, levando o gênero para grandes festivais e eventos nacionais. Sua colaboração com artistas como Elba Ramalho e Alceu Valença ajudou a fortalecer o movimento musical nordestino, mostrando que o forró pode dialogar com diversos estilos e atrair públicos de diferentes regiões e gerações.
Geraldo Azevedo
Geraldo Azevedo, natural de Petrolina, Pernambuco, é outro grande representante do forró moderno. Sua música é conhecida por sua suavidade e lirismo, misturando o forró tradicional com elementos da bossa nova, do samba e da MPB. Sucessos como “Táxi Lunar,” “Caravana” e “Dia Branco” são exemplos de sua capacidade de criar canções que falam tanto do amor quanto da saudade do sertão. Com sua voz suave e um talento especial para a guitarra e o violão, Geraldo Azevedo trouxe um forró mais melódico e refinado, ganhando destaque na cena musical dos anos 1980.
Ao longo de sua carreira, Geraldo Azevedo colaborou com nomes importantes da música nordestina, como Alceu Valença, Zé Ramalho e Elba Ramalho, consolidando o movimento conhecido como “O Grande Encontro”. Essas parcerias ajudaram a criar um novo espaço para o forró dentro da MPB, tornando-o acessível a um público mais amplo e reforçando suas raízes culturais ao mesmo tempo.
Fagner
Fagner, nascido no Ceará, é um dos grandes nomes da música brasileira que também contribuiu para a expansão do forró nos anos 1970 e 1980. Com sua voz rouca e estilo único, ele conseguiu unir o forró tradicional com o pop e a música romântica, criando um som que se tornou sua marca registrada. Músicas como “Borbulhas de Amor,” “Canteiros” e “Noturno” são clássicos que mostram sua habilidade de criar melodias cativantes e letras poéticas, sempre com uma pitada de influências nordestinas.
Fagner se destacou por sua capacidade de transitar entre o tradicional e o contemporâneo, levando o forró para as grandes gravadoras e para o público nacional. Sua música conquistou tanto as rádios populares quanto os palcos de festivais, mostrando que o forró podia ser adaptado sem perder a essência. Além de cantor e compositor, Fagner também se destacou como produtor musical, colaborando com vários artistas nordestinos e ajudando a consolidar o forró como um dos pilares da música brasileira.
As melhores músicas de forró antigo
Confira agora algumas playlists que contém os melhores cantores de forró de antigamente e de hoje em dia:
Forró Pé de Serra
A playlist Forró Pé de Serra tem a união perfeita dos melhores artistas tradicionais de forró. Nela, você vai ouvir Dominguinhos, Trio Forrozão, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e muito mais! Se prepara pra dançar coladinho, ou então sozinho, o que vale é curtir esse patrimônio brasileiro de dar orgulho a qualquer cidadão!
Forró das Antigas
Na seleção Forró das antigas, temos artistas mais modernos, como Cavaleiros do Forró, Aviões do Forró e Calcinha Preta. Essa é pra animar aquele festão a noite inteira. Dá o play!
Mulherada Arretada
Mulherada Arretada é uma playlist que traz os maiores nomes femininos do forró atualmente. Nela, você vai ouvir artistas como Mari Fernandez, Mara Pavanelly, Taty Girl, Danieze Santiago, Noda de Caju, Alicia Alves, Jarly Almeida e muitas outras!
Forró Universitário
Esta é pra quem quer relembrar grandes sucessos do Forró universitário. Você vai encontrar artistas como Rastapé, Peixelétrico, O Bando de Maria, Trio Virgulino, Raiz do Sana, Estakazero & Leo Macedo, Falamansa e muitos outros.
Forró estilizado
Tá a fim de ouvir um forró mais diferentão? Então a playlist Forró estilizado é pra você. A ideia aqui é ouvir canções que misturam o forró com outros estilos. Vale a pena conhecer!
O forró antigo, com suas raízes profundas na cultura nordestina, continua a encantar e a emocionar pessoas ao redor do Brasil. Através das vozes e músicas de artistas como Luiz Gonzaga, Marinês e Jackson do Pandeiro, o gênero mantém viva a essência de uma tradição que é celebrada em festas, danças e encontros culturais. Essas lendas do forró não só ajudaram a popularizar o ritmo, mas também moldaram a identidade musical do Nordeste, tornando o forró um verdadeiro patrimônio cultural brasileiro que transcende gerações.
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