Rap Gay no Brasil: artistas, desafios e impacto social

O rap sempre foi uma ferramenta poderosa para amplificar vozes que são historicamente marginalizadas. No Brasil, cada vez mais artistas LGBTQIAPN+ têm ganhado força dentro do rap, trazendo uma perspectiva única sobre identidade, resistência e inclusão. Neste artigo, vamos falar sobre alguns dos principais nomes desse movimento, seus desafios, suas músicas e o impacto que têm causado. Vamos nessa?

Rico Dalasam

Dalasam é cantor, compositor e rapper de Taboão da Serra (SP).  Seu nome artístico é acrônimo da frase “Disponho Armas Libertárias a Sonhos Antes Mutilados”. Aliás, letras inspiradoras não faltam ao artista, abertamente homossexual e grande voz do queer rap, tendo como influências musicais Rick James, Prince e André 3000. 

A aceitação de sua sexualidade é um tema central em suas músicas, como nas faixas “Aceite-C” e “Não Posso Esperar”. Seu álbum de estreia, Orgunga, lançado em junho de 2016, mistura as ideias de “orgulho, negro e gay”. Ele ganhou maior visibilidade ao lançar o clipe “Todo Dia”, com Pabllo Vittar, que alcançou mais de 10 milhões de visualizações em dois meses.

Destaque para a sua trilogia de EPs: Dolores Dala Guardião do Alívio (2021) e o Fim das Tentativas (2022) e Escuro Brilhante, Último Dia no Orfanato Tia Guga (2024). Esse trabalho está intimamente ligado à vida de Rico Dalasam e à sua evolução como artista. Imperdível!

Rico Dalasam
Rico Dalasam

Jup do Bairro

Jup do Bairro vem do Capão Redondo (SP) e lançou seu EP de estreia Corpo sem Juízo em 2020, retratando suas transgressões, vivências, como um verdadeiro manifesto sobre as possibilidades de existência. Sua linguagem poética e ousada logo ganhou visibilidade. 

Em 2024, ela lança o EP in.corpo.ração, com 5 canções escolhidas a dedo, aprofundando suas questões sobre corpo, afirmação, além da experimentação sonora que mescla rap com eletrônico, pop e funk. Destaque para as canções “lave sua boca (suja) quando for falar de mim” e “mulher do fim do mundo”, composição de Alice Coutinho e Rômulo Fróes anteriormente gravada pela rainha Elza Soares.

Lucas Boombeat

Integrante do extinto grupo Quebrada Queer, Lucas Boombeat, que vem de Bauru (SP) continua firme e forte na sua carreira solo e, segundo o próprio “Sou essa mistura de bicha com maloqueira”. Essa mistura é clara em suas músicas, clipes e performances impressionantes.

Em 2024, lança o álbum “METamorFOSE” com excelente recepção do público. Nele, se destacam os hits “Chata”, feat com Urias e Duquesa e “CÉU”, junto com Cynthia Luz e Emicida. Todos com clipes fresquinhos saindo do forno agora, corre lá pra ver!

Monna Brutal

A artista nascida em 1997 em SP, cria do “jova rural” e das batalhas de rima, consolidou sua carreira de forma independente e criativa, trazendo seus textos, sua atitude e seu flow autêntico.

A gata lançou três álbuns: 9/11 (2018), 2.0.2.1. (2021) e La Janta (2021), sem contar seus inúmeros singles marcantes como “Atravessamento” (2022) e o belíssimo EP Limonada (2023). Já neste ano de 2024, ela mandou o hit “Branca de Neve (rap das Sinhás)”, com MC Faya e KING Saints. Pesado demais!

Hiran

O baiano Hiran conquistou o Brasil com seu rap queer cheio de novas ideias e influências, dando uma cara nova pro hip hop na música independente. Um dos seus primeiros hits, “Lágrima”, de 2019, tem participação de Gloria Groove, Baco Exu do Blues e Àttooxxá, somando mais de 3,3 milhões de streams. O talento de Hiran chamou a atenção de Caetano Veloso, que o apadrinhou e impulsionou ainda mais sua carreira.

Ele lançou 3 álbuns: Tem Mana no rap (2018), Galinheiro (2020) e Jaqueira (2023), e diversos singles que, além do rap, possuem toques de eletrônico, pop, MPB, afro e diversas outras sonoridades e colaborações com artistas como Carlinhos Brown, Linn da Quebrada, Tom Veloso e Ivete Sangalo. Só em 2024, destaque para as belíssimas canções “BALANCEI”, “Dança” e “Black Loro”. Uma delícia ouvir Hiran!

Iza Sabino

Iza Sabino, que tá na cena hip-hop de BH desde 2014, é conhecida por levantar a bandeira do empoderamento das mulheres negras e da comunidade LGBTQIAPN+. Em 2020, lançou o álbum Glória, com colaborações de Tasha & Tracie e Bivolt. 

Já em 2021, veio o EP “Trono de Vidro”, com nomes como N.I.N.A., The Shary, e Mc Laranjinha. Além de MC, Iza também atua como beatmaker e produtora, deixando sua marca em várias áreas do cenário nacional. 

Em 2023, destaque para o álbum Iza Sabino do Estúdio Showlivre e, em 2024, o disco Grande, que reflete perfeitamente a evolução criativa da artista e conta com participações de Djonga e MC Luanna, entre outros. Imperdível!

O rap gay no Brasil é muito mais do que um gênero musical; é um movimento de resistência e transformação. Esses artistas estão não apenas expandindo as fronteiras do rap, mas também dando visibilidade às lutas, alegrias e complexidades de ser LGBTQIAPN+ em um país ainda cheio de desafios. 

Cada um deles, com suas singularidades, está ajudando a construir uma nova história na música brasileira, onde todos os corpos e vivências podem ser celebrados. Se você ainda não conhece essas figuras, dá uma chance e deixa essas rimas te impactarem. Afinal, “o rap é resistência” e continuará sendo!

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